sexta-feira, 25 de maio de 2012

Um brado retumbante pela não extinção da Língua Portuguesa

      Nossa língua portuguesa sofre novas agressões a cada dia, várias delas apoiadas e sustentadas pelo Ministério da Educação e Cultura. Desta vez duas punhaladas foram dadas em grande estilo, com pompa e circunstância, e transmitidas ao vivo para todo o país. O golpe dado pela nova ministra da Casa Civil só feriu o português. Mas a segunda punhalada, desferida pelo deputado federal pelo PT do Rio Grande do Sul e presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia, foi dolorosa e quase mortal.
Em seu primeiro pronunciamento oficial como ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, senadora do PT pelo Paraná, declarou que ”Meu perfil é um perfil que se adéqua àquilo que ela (a presidente Dilma) pretende”.
Adequar é, até segunda ordem, um dos verbos defectivos mais conhecidos e que pior soam quando conjugados nas pessoas, modos ou tempos inexistentes.* O uso de adequar na 3ª pessoa do singular do presente do indicativo seria um erro até desculpável se fosse cometido por nós, simples mortais, em nosso papo com amigos. Mas, sem querer dar uma de xiita e malhar a moça antes mesmo de ela “esquentar os motores” , “…um perfil que se adéqua…”, dito por uma Ministra de Estado, em pronunciamento oficial transmitido para o Brasil inteiro, é, no mínimo, um erro grosseiro.
O perigo maior de encarar erros desse tipo como “normais”, como um “deslize”, é a condescendência que vem embutida nessa atitude. Perdoa-se aqui, finge-se que não percebeu ali, ignora-se acolá e, depois de um tempo, passa a ser aceitável que um ministro abula certas regras e demula – ou demola – barreiras!
Já o erro cometido por Marco Maia é tão primário que não merece nenhuma desculpa ou defesa. Em entrevista ao Jornal Globo News, no dia 7 de junho, o deputado federal e presidente da Cãmara falou ”…fazem dez dias…” com uma naturalidade que denotava conforto e bem-estar com o modo de se expressar. A ignorância sobre o uso correto do verbo fazer indicando tempo decorrido e, neste caso, tratado como impessoal, me leva a crer que “haverão” mais problemas gramaticais nos próximos discursos do ilustre deputado.
*Apesar de o Dicionário Houaiss admitir a conjugação completa do verbo adequar, a maioria dos nossos gramáticos ainda o considera um verbo defectivo. A norma culta, ingrediente principal da polêmica sobre o livro didátco Por uma Vida Melhor, escolhido e distribuído pelo MEC, não aceita a conjugação completa de adequar.

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